Tuesday, September 26, 2006

Pedaços de Mim

Hoje olhei para mim, talvez ao fim de algum tempo, voltei a faze-lo verdadeiramente. Não sei o que esperava encontrar, mas certamente algo diferente disto, de mim, do que sou hoje.
Não sou melhor do que já fui, diferente sim, mas não encontro em mim nada de melhor e talvez nada de pior também. Mas assim que sou agora? Se nem melhor nem pior, mas o mesmo também não... perdi-me há muito tempo, procuro escadas para me reencontrar, pontes que me levem a algum pedaço de caminho conhecido, ou ainda que desconhecido, que me traga um pouco do que de bom ainda me resta nas lembranças. Conforto, alegria, vontade de amanhã procurar de novo... mas não sei... páro e penso, mas não consigo encontrar respostas.
Sei que estou muito mudado, que já não procuro o que procurava, porque não tenho o que tinha e ainda assim não sei pelo que procurar. Tropeço em pedaços de vidas que me vão fazendo talvez acreditar que posso... mas quando tento poder, não consigo, não o sei fazer, fico com medo, refugio-me nas minhas paredes, no meu mundo, no meu interior, onde não deixo nunca ninguém entrar. Sei que é o único pedaço real de mim. Por mim deixava-o abrir-se, mas não tenho forçar para tal. Procuro-as, ou talvez não e apenas me engane a mim próprio.
Esperança há sempre, vontade de esperar por ela é que nem sempre existe. Temo não encontrar a mudança, pois também lhe fugi durante tanto tempo. Sei que não vou ter o quero e muito menos o que desejo. Por estúpido que pareça, preciso de ter um alvo para procurar objectivos, alvo esse que me faça mover e acreditar que não existo apenas eu. Não sei viver só para mim... que paradoxo, alguém tão fechado e que nunca precisa de nada nem ninguém, necessita de ter um alvo... não sei ser apenas eu.
Hoje tive a sensação que serei apenas eu para sempre... algo me bateu na cabeça e vi que estava ali apenas eu... só eu comigo... eu não sei, eu não quero, eu não consigo viver sem me focar em necessidades que me obriguem a ter que realizar trabalhos para alcansar objectivos.
Serei assim tão fraco? Serei assim tão melindroso que o medo é maior que eu?
Procuro-te para que possa procurar-me em ti, mas não te encontro e temo não me encontrar nunca. Preciso de sentir que preencho um pedaço da vida de alguém, para que a minha possa ter sentido, ainda que os meus pedaços se encontrem espalhados e perdidos, mas preciso.
Preciso viver e só comigo não o sei fazer. Serei mais fraco por admitir que preciso de mais para além de mim para viver? Talvez o seja, mas como sempre, a sinceridade é para mim valor superior e preciso de o dizer.